quinta-feira, 21 de outubro de 2010

A IMPORTÂNCIA DO PLANEJAMENTO ll

A IMPORTÂNCIA DO PLANEJAMENTO DAS AULAS PARA ORGANIZAÇAO DO
TRABALHO DO PROFESSOR EM SUA PRÁTICA DOCENTE
Autoras:
Patricia Aparecida Pereira Penkal de Castro
1
Cristiane Costa Tucunduva
2
Elaine Mandelli Arns
3
1
Orientação e Supervisão Escolar atualmente coordenadora pedagógica em uma escola da rede particular de ensino.
Graduada em Pedagogia pelo Centro Universitário Campos de Andrade, pos graduada em Gestão Empreendedora de Instituição de Ensino -
2
Orientação e Supervisão Escolar.
Graduada em Pedagogia pelo Centro Universitário Campos de Andrade, pos graduada em Gestão Empreendedora de Instituição de Ensino -
3
PR
Mestre em Engenharia da Produção – Mídia e Conhecimento – UFSC, professora dos cursos de Pedagogia e Letras da FACEL – Curitiba –
RESUMO
Este trabalho tem por objetivo analisar se o plano de aula é realmente importante na
organização do trabalho pedagógico do professor. O planejamento começou a ser utilizado
pelas empresas para dar-lhes um novo significado em suas organizações e o mesmo aconteceu
com as escolas, embora a princípio o planejamento não tenha sido recebido como um
facilitador e sim um regulador das ações pedagógicas em virtude do regime vigente na época.
Atualmente isto não acontece, o planejamento é utilizado para organizar a ação educativa uma
vez que permite que se levante o questionamento do tipo de cidadão que se pretende forma,
deixando assim, de ser um simples regulador para se tornar ato político-filosófico, científico e
técnico. É um trabalho presente que prepara para o futuro visando a transformação da
sociedade.
Palavras Chave:
planejamento, ação educativa, organização.
INTRODUÇÃO
O ato de planejar acompanha o homem desde os primórdios da evolução humana.
Todas as pessoas planejam suas ações deste as mais simples até as mais complexas na
tentativa de transformar e melhorar suas vidas ou a das pessoas que as rodeiam. Mas não é só
na vida pessoal que as pessoas planejam suas ações, o planejamento atinge vários setores da
vida social. Se o ato de planejar é tão importante, porque algumas pessoas ainda resistem em
aceitar este fato, principalmente no contexto escolar? Diante desse questionamento objetivouse
identificar os motivos pelos quais os professores resistem em preparar suas aulas e
conscientizá-los da importância de utilizar o plano de aula como um norteador da ação
pedagógica.
Para tanto faz-se necessário realizar uma breve retrospectiva histórica sobre o
surgimento do planejamento e sua utilização nos diversos setores da sociedade. Outro aspecto
importante a ser abordado foi com relação as diversas tipologias utilizadas no cotidiano
escolar e suas diferenças, pois apesar destes conceitos serem utilizados como sinônimos eles
não o são e faz-se necessário que o professor compreenda essas diferenças para poder utilizálas.
Após realizou-se uma análise com relação ao planejamento enquanto ato político-social,
político-filosófico, técnico e científico. Outro aspecto abordado neste artigo relaciona-se com
as principais etapas para a elaboração do plano de aula.
1 HISTÓRIA DO PLANEJAMENTO
“O planejar é uma realidade que acompanhou a trajetória histórica da humanidade. O
homem sempre sonhou, pensou e imaginou algo na sua vida.” (Mengolla, San’tAnna, 2001,
p.15).
Segundo Moretto percebe-se que o planejamento é fundamental na vida do homem
porém no contexto escolar ele não tem tanta importância assim (2007, p. 100) “o
planejamento no contexto escolar não parece ter a importância que deveria ter”. Este fato
acontece porque o planejamento só passou a ser bem definido a partir do século passado, com
a revolução comunista
No mundo capitalista, segundo Gandin
pelo governo, após a segunda guerra mundial
A adoção do planejamento pelo governo teve uma adesão tão grande que as outras instituições
sentiram-se motivadas e passaram a se preocupar com a importância do planejamento, uma
vez que ele visava suprir as necessidades de um comércio em ascensão que exigia uma nova
organização. Com isso pode-se dizer que foi a partir desta época que o planejamento se
universalizou.
Na educação esta realidade também não poderia ter sido diferente uma vez que,
segundo Kuenzer (2003, p. 13) “o planejamento de educação também é estabelecido a partir
das regras e relações da produção capitalista, herdando, portanto, as formas, os fins, as
capacidades e os domínios do capitalismo monopolista do Estado.”
Aqui no Brasil, Padilha (2003, p.29) explica que “Durante o regime autoritário
1985), eles foram utilizados com um sentido autocrático. Toda decisão política era
centralizada e justificada tecnicamente por tecnocratas à sombra do poder.” Kuenzer (2003,
p.36) complementa a citação acima explicando que “A ideologia do Planejamento então
oferecida a todos, no entanto, escondia essas determinações político-econômicas mais
abrangentes e decididas em restritos centros de poder.”
O regime autoritário fez com que muitos educadores criassem uma resistência com
relação a elaboração de planos, uma vez que esses planos eram supervisionados ou elaborados
por técnicos que delimitavam o que professor deveria ensinar priorizando as necessidades do
4 que construiu a União Soviética.5 (2008), o planejamento passa a ser utilizado6, para a resolução de questões mais complexas.7 (1964-
4
comunismo, tipicamente através de um estado socialista (onde o governo é contra os meios de produção). (WIKIPÉDIA, 2008)
Revolução Comunista: é uma revolução proletária inspirada pelas idéias do Marxismo que objetiva substituir o capitalismo pelo
5
Danilo Gandin: professor, escritor e conferencista. Mestre em Educação, especializado em Planejamento Participativo.
6
Alemanha, Itália e Japão), no período de 1939 a 1945. Tendo como fatores que contribuíram para a Guerra a vacilante política de
apaziguamento levada a cabo pela Grã-Bretanha e a França; o isolacionismo dos Estados Unidos; as ambições imperialistas japonesas e
principalmente as ambições desmedidas e Hitlher.
Segunda Guerra Mundial: conflito entre os Aliados (liderados por França e, a partir de 1941, Estados Unidos e a União Soviética) e o Eixo (
7
que uma instituição ou pessoa se excede no exercício da autoridade de que lhe foi investida. (Wikipédia, 2008)
Regime autoritário: regime político em que é postulado o princípio da autoridade. Também pode ser definido como um comportamento em
regime político. “Num regime político de contenção, o planejamento passa a ser bandeira
altamente eficaz para o controle e ordenamento de todo o sistema educativo.” (Kuenzer 2003,
p. 41).
Apesar de se ter claro a importância do planejamento na formação, Fusari (2008, p.48)
explica que:
“Naquele momento, o Golpe Militar de 1964 já implantava a repressão, impedindo
rapidamente que um trabalho mais crítico e reflexivo, no qual as relações entre
educação e sociedade pudessem ser problematizado, fosse vivenciadas pelos
educadores, criando, assim, um “terreno” propício para o avanço daquela que foi
denominada “tendência tecnicista” da educação escolar.”
Mas não se pode pensar que o regime político era o único fator que influenciava no
pensamento com relação a elaboração dos planos de aulas, as teorias da administração
também refletiam no ato de planejar do professor uma vez que essas teorias traziam conceitos
que iriam auxiliar na definição do tipo de organização educacional que seria adotado por uma
determinada instituição.
No início da história da humanidade, o planejamento era utilizado sem que as pessoas
percebessem sua importância, porém com a evolução da vida humana, principalmente no
setor industrial e comercial, houve a necessidade adaptá-lo para os diversos setores. Nas
escolas ele também era muito utilizado, a princípio, o planejamento era uma maneira de
controlar a ação dos professores de modo a não interferir no regime político da época. Hoje o
planejamento já não tem a função reguladora dentro das escolas, ele serve como uma
ferramenta importantíssima para organizar e subsidiar o trabalho do professor, assunto este
que será abordado mais detalhadamente nos próximos capítulos desta pesquisa.
2 PLANEJAMENTO, PLANO(S), PROJETO(S) – COMPREENSÃO NECESSÁRIA
“Hoje vivemos a segunda grande onda do planejamento. A primeira entra em crise
na década de 70. A década de 80, embora, na prática, se apresente como uma
grande resistência ao planejamento, contém os mais efetivos anos em termos da
compreensão da necessidade, do estudo, do esclarecimento e da confirmação desta
ferramenta.” (Gandin, 2008, p.05)
A citação demonstra a dimensão da necessidade de se compreender a importância do
ato de planejar, não apenas no nosso dia-a-dia, mas principalmente, no dia-a-dia de sala de
aula.
Para Moretto (2007) planejar é organizar ações, essa é uma definição simples mas que
mostra uma dimensão da importância do ato de planejar
existir para facilitar o trabalho tanto do professor como do aluno. O planejamento deve ser
uma organização das idéias e informações.
Gandin (2008, p.01) sugere que se pense no planejamento como uma ferramenta para
dar eficiência à ação humana, ou seja, deve ser utilizado para a organização na tomada de
decisões e para melhor entender isto precisa-se compreender alguns conceitos tais como:
planejar, planejamento e planos que segundo Menegolla & Sant’Anna (2001, p.38) “são
palavras sofisticadamente pedagógicas e que “rolam” de boca em boca, no dia-a-dia da vida
escolar.” Porém para Padilha (2003, p. 29) estes termos têm sido compreendidos de muitas
maneiras. Dentre elas destaca-se:
2.1 Planejamento: “É um instrumento direcional de todo o processo educacional, pois
estabelece e determina as grandes urgências, indica as prioridades básicas, ordena e determina
todos os recursos e meios necessários para a consecução de grandes finalidades, metas e
objetivos da educação.” (MENEGOLLA & SANT’ANNA, 2001, p.40)
2.2 Plano Nacional de Educação: “Nele se reflete a política educacional de um povo, num
determinado momento histórico do país. É o de maior abrangência porque interfere nos
planejamentos feitos no nível nacional, estadual e municipal.” (MEC, 2006, p. 31)
2.3 Plano de Curso: “O plano de curso é a sistematização da proposta geral de trabalho do
professor naquela determinada disciplina ou área de estudo, numa dada realidade. Pode ser
anual ou semestral, dependendo da modalidade em que a disciplina é oferecida.”
(VASCONCELLOS, 1995, p.117 in Padilha, 2003, p.41)
2.4 Plano de Aula: É a seqüência de tudo o que vai ser desenvolvido em um dia letivo. (...) É a
sistematização de todas as atividades que se desenvolvem no período de tempo em que o
professor e o aluno interagem, numa dinâmica de ensino-aprendizagem. (PILETTI, 2001,
p.73)
2.5 Plano de Ensino: “É a previsão dos objetivos e tarefas do trabalho docente para um ano
ou um semestre; é um documento mais elaborado, no qual aparecem objetivos específicos,
conteúdos e desenvolvimento metodológico.” (LIBÂNEO, 1994, p.222)
2.6 Projeto Político Pedagógico: “É o planejamento geral que envolve o processo de reflexão,
de decisões sobre a organização, o funcionamento e a proposta pedagógica da instituição. É
um processo de organização e coordenação da ação dos professores. Ele articula a atividade
escolar e o contexto social da escola. É o planejamento que define os fins do trabalho
pedagógico.” (MEC, 2006, p.42)
Os conceitos apresentados têm por objetivo mostrar para o professor a importância, a
funcionalidade e principalmente a relação íntima existente entre essas tipologias. Segundo
Fusari (2008, p.45) “Apesar de os educadores em geral utilizarem, no cotidiano do trabalho,
os termos “planejamento” e “plano” como sinônimos, estes não o são.” Outro aspecto
importante, segundo Schimitz (2000, p.108) é que “as denominações variam muito. Basta que
fique claro o que se entende por cada um desses planos e como se caracterizam.”O que se faz
necessário é estar consciente que:
, uma vez que o planejamento deve
“Qualquer atividade, para ter sucesso, necessita ser planejada. O planejamento é
uma espécie de garantia dos resultados. E sendo a educação, especialmente a
educação escolar, uma atividade sistemática, uma organização da situação de
aprendizagem, ela necessita evidentemente de planejamento muito sério. Não se
pode improvisar a educação, seja ela qual for o seu nível.” (SCHMITZ, 2000,
p.101)
3 PROFESSOR X PLANO DE AULA: INIMIGOS OU ALIADOS?
“A educação, a escola e o ensino são os grandes meios que o homem busca para
poder realizar o seu projeto de vida. Portanto, cabe à escola e aos professores, o
dever de planejar a sua ação educativa para construir o seu bem viver.
(MENEGOLLA & SANT’ANNA, 2001, p.11)
A citação acima, deixa clara a importância tanto da escola como a dos professores na
formação humana, por este motivo todas as ações educativas devem ter como perspectiva a
construção de uma sociedade consciente de seus direitos e obrigações sejam eles individuais
ou coletivos.
Infelizmente, apesar do planejamento da ação educativa ser de suma importância,
existem professores que são negligentes na sua prática educativa, improvisando suas
atividades, em conseqüência, não conseguem alcançar os objetivos quanto à formação do
cidadão.
“A ausência de um processo de planejamento de ensino nas escolas, aliado as
demais dificuldades enfrentadas pelos docentes do seu trabalho, tem levado a uma
contínua improvisação pedagógica das aulas. Em outras palavras, aquilo que
deveria ser uma prática eventual acaba sendo uma “regra”, prejudicando assim, a
aprendizagem dos alunos e o próprio trabalho escolar como um todo.” (FUSARI,
2008, p.47)
Para Moretto (2007, p.100) “Há, ainda, quem pense que sua experiência como
professor seja suficiente para ministrar suas aulas com competência.” Professores com este
tipo de pensamento desconhecem a função do planejamento bem como sua importância.
Simplesmente estão preocupados em ministrar conteúdos, desconsiderando a realidade e a
herança cultural existente em cada comunidade escolar bem como suas necessidades.
Outro aspecto que vem influenciando o ato de planejar dos professores são os materiais
didáticos ou as instruções metodológicas para os professores que acompanham estes
materiais. Na presente pesquisa não se pretende discutir se eles são bons ou ruins e sim a
forma com a qual estão sendo utilizados pelos professores. O que acontece é que o professor
faz um apanhado geral dos conteúdos dispostos no material e confronta com o tempo que tem
disponível para ensinar esses conteúdos aos alunos, a partir desses dados divide-os atribuindo
a este ato erroneamente o nome de plano de aula.
“Muitas vezes os professores trocam o que seria o seu planejamento pela escolha de
um livro didático. Infelizmente, quando isso acontece, na maioria das vezes, esses
professores acabam se tornando simples administradores do livro escolhido.
Deixam de planejar seu trabalho a partir da realidade de seus alunos para seguir o
que o autor do livro considerou como mais indicado” (MEC, 2006, p. 40)
Outra situação muito comum em relação a elaboração do plano de aula é que “em
muitos casos, os professores copiam ou fazem cópia do plano do ano anterior e o entregam a
secretaria da escola, com a sensação de mais uma atividade burocrática” (FUSARI, 2008, p.
45)
Luckesi (2001, p.106) afirma que o ato de planejar, em nosso país, principalmente na
educação, tem sido considerada como uma atividade sem significado, ou seja, os professores
estão muito preocupados com os roteiros bem elaborados e esquecem do aperfeiçoamento do
ato político do planejamento.
Os professores precisam quebrar o paradigma de que o planejamento é um ato
simplesmente técnico e passar a se questionar sobre o tipo de cidadão que pretende formar,
analisando a sociedade na qual ele está inserido, bem como suas necessidades para se tornar
atuante nesta sociedade. Para Luckesi (2001, p.108):
“O planejamento não será nem exclusivamente um ato político-filosófico, nem
exclusivamente um ato técnico; será sim um ato ao mesmo tempo político-social,
científico e técnico: político-social, na medida em que está comprometido com as
finalidades sociais e políticas; científicas na medida em que não pode planejar sem
um conhecimento da realidade; técnico, na medida em que o planejamento exige
uma definição de meios eficientes para se obter resultados.”
O ato de planejar não pode priorizar o lado técnico em detrimento ao lado político-social
ou vice-versa, ambos são importantes, por este motivo, devem ser muito bem pensados ao
serem formulados visando a transformação da sociedade.
4 PLANO DE AULA: DO SENSO COMUM A CONSCIÊNCIA FILOSÓFICA
Considerando que o planejamento deve ser pensado como um ato político-social, não
se pode conceber que o professor não realize o mínimo de planejamento necessário para seus
alunos, afinal, o planejamento no processo educativo, segundo Menegolla & Sant’Anna
(2001, p.24) não deve ser visto como regulador das ações humanas, ou seja, um limitador das
ações tanto pessoais como sociais e sim, deve ser visto e planejado no intuito de nortear o ser
humano na busca da autonomia, na tomada de decisões, na resolução de problemas e
principalmente na capacidade de escolher seus caminhos.
“Essencialmente, educar/ensinar é um ato político. Entendamos bem essa
proposição: a essência política do ato pedagógico orienta a práxis do educador
quanto aos objetivos a serem atingidos, aos conteúdos a serem transmitidos e aos
procedimentos a serem utilizados, quando do trabalho junto a um determinado grupo
de alunos.” (SILVA, EZEQUIEL, 1991, p.42 in Hypolitto 2008, p. 6)
Menegolla & Sant’Anna (2001) ainda completam argumentando que o plano das
aulas, visam a liberdade de ação e não podem ser planejado somente pelo bom senso, sem
bases científicas que norteiem o professor. Segundo Gutenberg (2008, p. 21) essa base
científica utilizada para organizar o trabalho pedagógico são os pilares e princípios da
Educação, anunciados e exigidos pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação (Lei 9.394/96)
(MEC, 2008) por este motivo faz-se necessário conhecê-los e compreendê-los muito bem.
“Todo mestre precisa entender que esse conjunto de regras, embora pareça muito
burocrático e teórico para uns, ou mesmo inútil para outros, trata-se de uma tentativa
clara para que os alunos aprendam e apreendam o que for necessário durante o
período escolar.” (GUTENBERG, 2008, p. 21)
Partindo do princípio que o professor deve ensinar os conteúdos e também formar o
aluno para que ele se torne atuante na sociedade, ele deve organizar seu plano de aula de
modo que o aluno possa perceber a importância do que esta sendo ensinado, seja num
contexto histórico, para o seu dia-a-dia ou para seu futuro.
É claro que integrar estes dois aspectos, senso comum e consciência filosófica, nem
sempre são tão fáceis de fazer. Para que isso aconteça faz-se necessário muito empenho por
parte do professor para conseguir atingir estes objetivos.
“(...) um mínimo de intimidade com a realidade concreta das escolas é necessário à
formação do educador. Sem isso, abre-se a possibilidade de improvisação ou, o que
é pior, de experimentação para ver se “dá certo” em termos do encaminhamento do
ensino. Até que o professor se situe criticamente no contexto de sala de aula, os
alunos passam a ser cobaias desse profissional.” (SILVA, EZEQUIEL, 1991, p. 71
in Hypolitto, 2008, p. 6)
Menegolla & Sant’Anna (2001, p. 45) explicam que o planejamento também serve
para desenvolver tanto nos professores como nos alunos uma ação eficaz de ensino
aprendizagem uma vez que ambos são atuantes em sala de aula. Porém é de responsabilidade
do professor elaborar o plano de aula, pois é ele quem conhece as reais aspirações de cada
turma.
“O preparo das aulas é uma das atividades mais importantes do trabalho do
profissional de educação escolar. Nada substitui a tarefa de preparação da aula em si.
(...) faz parte da competência teórica do professor, e dos compromissos com a
democratização do ensino, a tarefa cotidiana de preparar suas aulas (...)” (FUSARI,
2008, p.47)
Moretto (2007, p. 101) acredita que o professor ao elaborar o plano de aula deve
considerar alguns componentes fundamentais, tais como: conhecer a sua personalidade
enquanto professor, conhecer seus alunos (características psicossociais e cognitivas), conhecer
a epistemologia e a metodologia mais adequada as características das disciplinas, conhecer o
contexto social de seus alunos. Conhecer todos os componentes acima possibilita ao professor
escolher as estratégias que melhor se encaixam nas características citadas aumentando as
chances de se obter sucesso nas aulas.
Outro grupo que deve estar atento a importância de se elaborar planos de aula, são os
professores em início de carreira, pois Schmitz (2000, p. 104) esses profissionais que estão
iniciando sua carreira no magistério adquirem confiança para dar aula, uma vez que, no plano
de aula é possível esclarecer os objetivos da aula, sistematizar as atividades e facilitar o
acompanhamento das aulas.
Mediante todos os fatos pesquisados até agora, não se discute a necessidade e a
importância de se elaborar o plano de aula, porém segundo Schmitz (2000, p. 104) eles não
precisam ser descritos minuciosamente, mas deve ser estruturado, escrito ou mentalmente.
“Trata-se de fazer uma organização mental e uma tomada de consciência do que o professor
de fato pretende fazer e alcançar. Se tiver esse planejamento presente, evitará ser colhido de
surpresa por acontecimentos imprevistos. A sua criatividade, a sua intuição torna-se mais
aguçada e com mais facilidade percebe novas oportunidades.”
Alguns autores sugerem que o planejamento tenha algumas etapas principais, pois
serão estas etapas que darão uma visão do que é necessário e conveniente ao professor e aos
alunos. São elas:
4.1 Objetivos: “Os objetivos indicam aquilo que o aluno deverá ser capaz como conseqüência
de seu desempenho em atividades de uma determinada escola, série, disciplina ou mesmo uma
aula.” MASETTO (1997 in Macetto, Costa, Barros, 2008, p. 3)
4.2 Conteúdo: “É um conjunto de assuntos que serão estudados durante o curso em cada
disciplina. Assuntos que fazem parte do acervo cultural da humanidade traduzida em
linguagem escolar para facilitar sua apropriação pelos estudantes. Estes assuntos são
selecionados e organizados a partir da definição dos objetivos, sendo assim meios para que os
alunos atinjam os objetivos de ensino.” (MACETTO, COSTA, BARROS, 2008, p. 3)
4.3 Metodologia: “Tratam-se de atividades, procedimentos, métodos, técnicas e modalidades
de ensino, selecionados com o propósito de facilitar a aprendizagem. São, propriamente, os
diversos modos de organizar as condições externas mais adequadas à promoção da
aprendizagem.” (MENEGOLLA & SANT’ANNA, 2001, p.90)
4.4 Avaliação: “Na verdade, a avaliação acompanha todo o processo de aprendizagem e não
só um momento privilegiado (o de prova ou teste) pois é um instrumento de feedback
contínuo para o educando e para todos os participantes. Nesse sentido, fala da consecução ou
não dos objetivos da aprendizagem. (...) O processo de avaliação se coloca como uma
situação frequentemente carregada de ameaça, pressão ou terror.” (MASETTO, 1997, p. 98
in Macetto, Costa, Barros, 2008, p. 4)
A partir das definições das principais etapas que devem conter um planejamento, o
professor já tem condições necessárias para fazê-lo e utilizá-lo adequadamente. Vale lembrar,
porém que segundo Menegolla & Sant’anna (2001, p. 46) não existe um modelo único de
planejamento e sim vários esquemas e modelos. Também não existe um modelo melhor do
que o outro, cabe ao professor escolher aquele que melhor atenda suas necessidades bem
como as de seus alunos, que seja funcional e de bons resultados.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O objetivo principal ao estudar o tema “A importância do planejamento para a
organização do trabalho do professor em sua prática pedagógica” era analisar se o plano de
aula é realmente importante ou apenas uma questão burocrática exigido pelas escolas para
aumentar o trabalho do professor. Para tanto foi preciso compreender o contexto histórico do
planejamento na vida das pessoas, sua influência e importância ao longo da evolução humana,
desde a sua utilização de forma inconsciente nos primórdios, até os dias atuais no qual o
planejamento é utilizado para nortear um caminho a ser percorrido para se atingir objetivos
traçados ou resolver alguma situação.
Foi possível também compreender que as tipologias utilizadas têm suas diferenças e
devem ser usadas de acordo com a necessidade de delimitar o tipo de plano e a que ele se
destina.
Com relação ao fato do plano de aula ser inimigo ou aliado do professor pode-se
observar que ele é um aliado, uma vez que é por intermédio do planejamento que o professor
vai delinear suas ações para alcançar seus objetivos ao longo de um período.
Outro aspecto importante abordado foi com relação ao fato de que, o planejamento,
não deve ser usado como um regulador das ações humanas e sim um norteador na busca da
autonomia, na tomada de decisões, nas resoluções de problemas e na escolhas dos caminhos a
serem percorridos partindo do senso comum até atingir as bases científicas.
Conhecer as principais etapas do planejamento também foi de suma importância, pois
através do conhecimento dessas etapas o professor poderá descrever com maior clareza seus
objetivos, a forma com que irá aplicar o conteúdo, os conteúdos que serão ministrados e como
fará o diagnóstico dos resultados obtidos ao longo do processo.
Com esta pesquisa foi possível perceber que o plano de aula é realmente importante na pratica
pedagógica do professor como organizador e norteador do seu trabalho. É o plano de aula que
dá ao professor a dimensão da importância de sua aula e os objetivos a que ela se destina, bem
como o tipo de cidadão que pretende formar. Por este motivo, pensar que a experiência de
anos de docência é suficiente para a realização de um bom trabalho é um dos principais
motivos que levam um professor a não obter sucesso em suas aulas.
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